Meu avô
sempre foi do tipo cabra macho que usava bigode. Nunca perguntei pra ele
o porquê daquilo, mas imagino eu que era uma tradição, onde no tempo em
que ele era jovem talvez fosse comum usar tal artifício. Aposto que a
maioria das mulheres não tenham mudado muito daquele tempo pra cá, ou
seja, elas já odiavam homens de bigode. Mas como eram outros tempos,
elas não tinham lá muitas oportunidades para reclamar. Além disso, o
“cabra” que usava um belo bigode era visto como homem de palavra.
Besteira.
O tempo
passou e o bigode saiu de moda – as mulheres devem ter adorado isso. E
os homens, como numa mudança de caráter não tão repentina assim, também
deixaram de lado as palavras e a honestidade. Não sei se naquele tempo
já haviam os mulherengos – aposto que sim, mas em menor número -, mas o
fato é que hoje em dia, a maioria dos ditos homens não querem mais saber
das palavras que oferecem à uma mulher. Eles querem pegar geral e só –
tem mulher assim também, mas em menor número. Sem essa de fidelidade ou
coisas do tipo. Não são todos, claro, mas isso faz com que as mulheres –
que também mudaram bastante – pensem que os homens são todos iguais.
O mais
interessante disso tudo é que os homens perderam o poder que tinham no
bigode e nas palavras, e quem passou a valorizar isso foram as empresas.
Homens não quer casar com mulher nenhuma, apenas curtir – pelo menos é o
que dizem por aí -, mas adoram um programa de fidelidade. Cartão de
crédito, posto de combustível, telefone celular e mais uma infinidade de
serviços e empresas que querem pegar os homens pelo pescoço na tal da
fidelidade. E sabem o que eles fazem? Adoram isso tudo. Compram mais e
mais, acumulam pontos e ficam presos à isso como cachorrinhso presos à
coleira. E as mulheres?
Chegou a
hora da mulherada inovar. Criar – ou reformular – também seu plano de
fidelidade pra ver se elas conseguem pegar de jeito esses homens que com
o tempo perderam seus bigodes e a vergonha na cara.
Pensando
bem, não sei se as mulheres estão dispostas a lutar por esses homens
modernos que são cada vez mais genéricos. Vale a pena lutar por esses
machos modernos, que usam creme para as mãos, faz limpeza de pele no fim
de semana e não se contenta apenas em cortar a unha, mas também passam a
maldita base e tiram a cutícula a todo momento? As mulheres querem um
homem ou um concorrente? Um macho de verdade ou um confidente para seus
problemas de beleza?
Com a palavra vocês, mulheres.
Leandro Lourenço